Reserva Cultural (São Paulo - SP)

Inauguração : Junho/2005
Endereço : Av. Paulista, 900 - Edifício Gazeta - Bela Vista
Telefone : (11) 3287.3529
http://www.reservacultural.com.br/
4 salas
Capacidade total : 581 lugares
Projeção : 35 mm. e digital
Som : Dolby digital 5.1 e Dolby estéreo









Revista Época - 25/05/2005 - Edição nº 367
O inventor do "miniplex"
O francês Jean-Thomas Bernardini, dono de uma distribuidora especializada em filmes sofisticados, abre cinema para ampliar seu público
Por Cléber Eduardo
Um templo moderno do cinema pensado e realizado como arte, não apenas como mercadoria e entretenimento, abrirá suas portas em 10 de junho em São Paulo. Sem as concessões comerciais de complexos abertos a exibir tanto produções de Hollywood como obras de menos apelo financeiro, as quatro salas do ''miniplex'' Reserva Cultural só darão espaço em seus 600 lugares a quem quiser ver filmes de valor artístico. Títulos americanos não estão vetados, mas só se forem independentes, sem laços com grandes estúdios. Star Wars e Batman, nem pensar. Uma comissão ajudará na seleção de quais filmes se encaixam no perfil buscado.
O desafio é conduzido, a um custo de R$ 3 milhões (ainda não patrocinados), pelo francês Jean-Thomas Bernardini, de idade não declarada. Ele comanda há 16 anos a distribuidora Imovision, especializada em títulos segmentados, como Dogville, do dinamarquês Lars Von Trier, Dez, do iraniano Abbas Kiarostami, e Nossa Música, do francês Jean-Luc Godard, entre outras jóias adoradas por cinéfilos. Também faz parte do menu de futuros lançamentos o novo filme dos irmãos Dardenne (L'Enfant), Palma de Ouro no último Festival de Cannes.
Jean-Thomas decidiu investir na exibição porque cansou de ter os filmes retirados de cartaz antes de ver iniciado o processo do boca a boca, algo necessário para lançamentos com pouco marketing, como são os desse segmento menos popular. ''O aumento de número de salas nos últimos anos não ajudou o cinema independente'', afirma o empresário. ''Tenho saudade de quando filmes como Gabbeh ou O Mahabarata, que lancei, ficavam vários meses em cartaz.'' Seu objetivo é criar programações paralelas, como cursos de cinema, sessões cineclubes, exibições de filmes inéditos e em horários alternativos, para investir na ampliação da platéia.
Também contará com atrativos extras, como um espaço gastronômico e salas para ouvir música. Terá de aumentar o número de espectadores e a freqüência deles às salas. ''Não quero precisar de Hollywood para pagar a conta de luz'', afirma. A arquitetura de Naasson Ferreira Rosa é arrojada. Além de intervir na Avenida Paulista, com uma parede de vidro na calçada, as salas estarão dispostas em um corredor que, na contramão dos shopping centers, imita a aparência de uma rua.
A relação entre o cinema e Jean-Thomas começou na França e foi amplificada no Brasil. Formado em Psicologia em 1972, ele freqüentava o cineclube em Aix-en-Provence, sua cidade natal no sul do país, também conhecida como terra de Cezanne. Dono de um bar-restaurante que encheu seu bolso de dinheiro, vendeu o estabelecimento e mudou-se para o Brasil, atraído por uma proposta do ex-sócio: comprar um hotel a preço de banana. Chegando ao país, uma surpresa: ''Ele havia ignorado um zero no valor'', lembra, às gargalhadas. Acabou ficando. Passou a viver da venda de jeans importado.
Os lucros lhe permitiram que entrasse na produção de um filme francês, Inverno de 54, e abrir uma distribuidora para lançá-lo no Brasil, a Imovision. A bilheteria não correspondeu. Jean-Thomas não desistiu. Nos primeiros tempos, lançava dois ou três filmes por ano. Nos últimos quatro anos, tem lançado 15, totalizando entre 300 mil e 400 mil espectadores. Seus maiores êxitos são 8 Mulheres, de François Ozon, e Dançando no Escuro, de Lars Von Trier.
O empresário dedicado ao ''lucro iluminista'' avalia que hoje, apesar de um ou outro bom resultado, o cinema brasileiro está, para os padrões internacionais, em posição periférica. ''O distribuidor estrangeiro quer filmes brasileiros sensuais e com personagens simpáticos. Cansaram de filmes violentos'', analisa. A bola da vez são os chineses e coreanos. Entre os diretores, Lars Von Trier, Jean-Luc Godard e Abbas Kiarostami são os autores dos filmes com preços mais salgados. Já alguns distribuidores brasileiros, lamenta, compram como em leilão. Para vencer a concorrência, pagam acima do razoável, fazendo os valores subirem para o país. Nessa, ele não cai. Investe com sobriedade e tem lucrado com arte.
''Temos de investir na formação e na ampliação dos espectadores. Não quero ter de abrir portas para Hollywood para poder pagar a conta de luz do cinema'' - Jean-Thomas Bernardini

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1. Arquivos institucionais e privados

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Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

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