Paramount (São Paulo - SP)


Cine Theatro Paramount
Inauguração solene : 13/04/1929 (14 e 16h30)
Inauguração pública : 13/04/1929 (19h15 e 21h45)

Programa inaugural :
I - Overture
Orquestra sinfônica, sob a direção do maestro Leo Renard.
II - Apresentação do cinema falado
Saudação (em filme) a Cidade de São Paulo, por Dr. Sebastião Sampaio, cônsul-geral do Brasil em Nova York.
III - Apresentação do cinema sonoro e do cinema sincronizado
Com o filme "Alta Traição", da Paramount Pictures.
Dirigido por Ernest Lubitsch e com os protagonistas Emil Jannings, Florence Vidor, Lewis Stone e Neil Hamilton.

No dia da inauguração do cinema, a Paramount Pictures ofereceu um almoço aos jornalistas de São Paulo, no Salão Vermelho do Esplanada Hotel. Representando a Paramount, os srs. Shauer e Day. Após o almoço, a comitiva seguiu para o cinema para se iniciar a cerimônia de inauguração.
Foi apresentado, pela 1ª vez na América do Sul, o Movietone (cinema falado) e o Vitaphone (cinema com ruídos e sons, sem fala).
Após a inauguração, o Cine-Theatro Paramount exibiu filmes sonoros e mudos da Paramount, United Artists, RKO-Pathé Studios e DeMille Studios.

Endereço : Av. Brigadeiro Luís Antônio, 79 (Atual nº 411) - Bela Vista
Proprietários : Paramount Pictures
Projeto : Engenheiro Arnaldo Maia Lello
Exibidor : Empresa Cinematográfica Serrador
Capacidade : cerca de 1800 lugares (plateia, balcão e frisas)

NOVA FASE COM PREÇOS REDUZIDOS
Reinauguração pública : 15/02/1932
Programa inaugural :
"A Mulher Que Deus Me Deus", com Gary Cooper e Carole Lombard;
"A Sombra da Lei", com William Powell.
Slogan : "O CINEMA DA ELITE COM A MARCA FAVORITA".

NOVA FASE DO CINEMA
Reinauguração pública : 09/03/1949
Filme inaugural : "A Mundana", com Marlene Dietrich e Jean Arthur.

NOVA FASE DO CINEMA, AGORA DIVIDIDO EM 5 SALAS
Reinauguração pública : 29/10/1979
Programa inaugural :
Sala 1- "Sonata de Outono", com Ingrid Bergman e Liv Ullman;
Sala 2 - "Por Que Não?", da francesa Coline Serreau;
Sala 3 - "Os Meninos do Brasil", com Gregory Peck e Laurence Olivier;
Sala 4 - "O Porteiro da Noite", da italiana Liliana Cavani;
Sala 5 - "Pretty Baby - Menina Bonita", com Brooke Shields.

Proprietários : Empresa Cinematográfica Hawai

O projeto de Herman Guettsches conservou a fachada e o hall de entrada do antigo cinema. As cinco salas tinham ar condicionado, poltronas estofadas em plateia inclinada, som perfeito, sanitários exclusivos para cada sala e bebedouros refrigerados. Tinham, também, telas panorâmicas e projetores para exibição de filmes em 35 e 70 mm., com lâmpadas xênon. Um estacionamento para cerca de 400 veículos foi construído sob o prédio.

Capacidade :
Duas salas com 600 lugares cada (antiga plateia) e outras três salas com 216, 200 e 175 lugares.

Em 1993, as duas salas maiores viraram teatro.

Histórico do cinema, 
por Orlando Lopes Fassoni (1942-2010) :


O Paramount foi construído por 2 mil contos de réis pelo engenheiro Arnaldo Maia Lello, já falecido, e inaugurado em 13 de abril de 1929. O lugar, lembrou certa vez seu construtor, era o nº 79 "de uma rua de primeira grandeza" e ali, antes, funcionava um velho casarão de madeira que chamavam de Palace Theatro. Adquirido por Horácio Vergueiro Rudge dos herdeiros de Lins e Vasconcelos, o terreno viria a hospedar o primeiro cinema sonoro de toda a América Latina, aberto com enormes filas, com toda a pompa dos anos 20 e com uma plateia de barões do café e senhoras "da mais fina sociedade" com um filme de Ernest Lubitsch, "Alta Traição".

"Ficou estabelecido que não se admitisse discursos durante o ágape. No entanto, foram pronunciados vários, inclusive sete, pelo sr. Day, da Paramount", escrevia, na época, o colunista Rob Pen no Correio Paulistano. E, do filme, dizia: "A sincronização de 'Alta Traição' (The Patriot), com os maravilhosos Emil Jannings, Florence Vidor, Lewis Stone e Neil Hamilton, é uma maravilha verdadeira, que tem empolgado o nosso público, tornando-o imediatamente adepto incondicional do grande portento deste século de surpresas. O cinema com som, que a Paramount apresenta pela primeira vez em toda a América do Sul: o retângulo encantado iluminou-se e pouco depois nele apareceu a sombra do sr. dr. Sebastião Sampaio, operoso cônsul-geral do Brasil em Nova York (documentário especialmente rodado para a ocasião). E o sr. dr. cônsul começou a falar. As palavras saíam claramente dos seus lábios, que a gente via movendo-se na tela".

A cidade, naquela época, possuía apenas doze cinemas que exibiam filmes mudos e três teatros para uma população que ia de 500 a 600 mil habitantes. O Paramount, portanto, revolucionou os espetáculos, oferecendo uma seleção de filmes que ainda hoje levam os saudosistas aos suspiros. Até 1955, funcionou como cinema, com sessões normais diariamente e a novidade de oferecer, aos domingos de manhã, sessões 'zig-zag' para a garotada. Depois de 55, passou a funcionar apenas nos fins de semana e, mais tarde, com a demolição do cine Odeon (na Rua da Consolação), passou a ser também, o local onde, no Carnaval, eram promovidos os movimentados bailes dos artistas, primeiro, e dos enxutos, em seguida, o que obrigava os funcionários a uma atividade exaustiva: tinham de retirar as poltronas, para os bailes carnavalescos e recolocá-las para a exibição de filmes. Em 58, a Toho, produtora e distribuidora japonesa, tentou transformar o Paramount em ponto de encontro da colônia, promovendo ali o lançamento de "O General Nu". A experiência fracassou e a comunidade japonesa ficou mesmo com as pequenas salas da Liberdade, que raramente exibem o melhor do
cinema do Japão.

Assim, mal das pernas, o Paramount ficou limitado a ser apenas teatro. Depois, locado pelo Canal 7, virou estúdio de TV, e quem não se recorda dos grandes e agitados festivais da música popular brasileira, promovidos ali, entre as bandas de Chico Buarque, os ponteios de Edu Lobo, as disparadas de Geraldo Vandré e o violão quebrado e atirado sobre o público naquele famoso momento de explosão de Sérgio Ricardo?

O incêndio de 13 de julho de 1969 matou o suntuoso casarão. A Record transferiu-se para a Rua Augusta e pretendia-se, na Brigadeiro, transformar o local, construído com carinho por Maia Lello, em supermercado. Mas os donos da Cinematográfica Hawai acharam que a recuperação do palacete e sua transformação em salas cinematográficas seriam suficientemente bem recebidas pelo público. E em sete meses mudou tudo numa reforma executada sob as ordens do engenheiro Hermann Guettchens. E o velho Paramount, reconstruído, com salas que comportam de 180 a 620 pessoas, passa a ser, a partir de hoje, não um ponto de encontro dos barões e das damas refinadas, mas dos garotões de blue-jeans que se preocupam menos com a estética das salas ou a beleza dos carpetes e cortinas, e mais com o que, de agora em diante, estará nas telas.

Publicado no jornal Folha de S.Paulo, em 28/10/1979, antes da reinauguração do cinema.

Em funcionamento ? : Não. Virou teatro.
Em 2001, o Grupo Abril, em parceria com o Grupo CIE, subsidiária do grupo mexicano Corporación Interamericana de Entretenimiento, recuperou o velho cinema e o transformou no Teatro Abril. A T4F Entretenimentos, em novembro de 2012, assinou contrato com a multinacional Renault dos direitos de nome do teatro e o espaço foi rebatizado como Teatro Renault.

O cinema em construção - 06/1928
O cinema em construção - 06/1928
O cinema na etapa final de construção - 1929
Anúncio de inauguração
Anúncio de inauguração
1972
1979
1982
Teatro Abril
Teatro Renault
Teatro Renault
Hall de entrada do teatro
Teatro Renault - 2017

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1. Arquivos institucionais e privados

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Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

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